Tecnologia ajuda a barrar mensagens com conteúdo homofóbico na internet

As denúncias de conteúdo homofóbico na internet mais que dobraram este ano. Durante a última parada do orgulho LGBT de São Paulo, a tecnologia ajudou a barrar as mensagens de ódio.

Vinícius enfrentou o medo de um perigo que ele não sabia de que lado poderia vir. Pelas redes sociais, um internauta escondido em um perfil falso mandou uma foto com a mensagem: “Morte aos negros, gays e lésbicas”.

“Ataques homofóbicos eu sofro desde criança, mesmo antes de saber que era gay, e são dolorosos. Quando os ataques vêm pela internet, eles vêm com esse agravante, a gente não sabe de onde vem a agressão e o que esse agressor é capaz de fazer”, conta o jornalista Vinícius Lousada.

A Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos recebeu este ano, até o meio de junho, mais de 2,5 mil denúncias de homofobia na internet. É 106% a mais do que no mesmo período do ano passado.

Juliana é uma das responsáveis pela central de denúncias. “Nós tivemos nos últimos anos um avanço muito significativo na conquista de direitos civis, especialmente da população LGBT. E isso faz sim com que haja uma espécie de reação e uma tentativa de retrocesso dessas conquistas. E a gente tem figuras hoje públicas que são exemplos e que acabam disseminando discurso de ódio e isso influencia, sim, até encoraja que mais pessoas compartilhem esse tipo de conteúdo, endossem, apoiem”, diz Juliana Cunha, diretora da Safernet.

O maior protesto contra a homofobia no país é a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, tradicional na Avenida Paulista. No ano passado, com a pandemia, ela foi virtual pela primeira vez. Mas a transmissão pela internet recebeu quase 200 mensagens com ameaças de morte à população LGBT. Este ano, de novo, a parada foi virtual, agora em junho. E, dessa vez, a homofobia não passou.

Uma equipe de técnicos usou filtros da própria rede social para bloquear mensagens com ameaças e ofensas. O que escapava dos filtros, os próprios técnicos apagavam.

“Eu acompanhei as oito horas de programação. Não vi algo mais grave, nenhum tipo de ameaça mais grave. A nossa preocupação não é afrontar a sociedade e, sim, ser feliz da maneira que nós somos, da maneira que nascemos”, afirma Renato Viterbo, vice-presidente da Associação da Parada LGBT-SP.

As pessoas que postaram ameaças na parada do ano passado estão sendo identificadas. O caso vai ser denunciado ao Ministério Público Federal.

“É importante que as pessoas percebam a internet como a terra que existe lei e que há punição. Então, discurso de ódio é crime no Brasil, autores podem ser identificados e podem ser responsabilizados”, diz Juliana Cunha.

Fonte: G1

Compartilhar

Últimas Notícias