Mais de um ano depois que a pandemia da covid-19 começou, grande parte dos trabalhadores brasileiros continuam em sistema home office. Ainda que não se tenha expectativas concretas sobre quando a crise sanitária deve melhorar a ponto de as pessoas poderem sair normalmente, é fato que, para muitos, esse esquema de trabalhar apenas de casa está com os dias contados.
Até o começo de 2020, os adeptos ao home office eram minoria no país: segundo dados da Catho, apenas 37,2% dos brasileiros faziam ou já tinham feito teletrabalho em algum momento da jornada profissional até 2019. A modalidade representava uma ideia impossível de ser executada de forma efetiva na visão de muitos líderes – ainda que, ao redor do mundo, várias empresas já estivessem adotando o modelo nos últimos anos. Porém, com a chegada da pandemia, as empresas se viram obrigadas a não apenas permitir que seus colaboradores realizassem suas tarefas de casa, mas também oferecer meios para tal, e atualmente já é difícil imaginar um mundo no qual o trabalho remoto não faça parte da rotina de diversas companhias.
Embora essa mudança tenha trazido desafios, já que nem todos estavam prontos para lidar com ela e muitos trabalhadores tiveram dificuldade de dividir o tempo entre vida pessoal e as atividades laborais, ao realizar essas tarefas muito tempo depois do horário, além da inicial insatisfação com as grandes quantidades de reuniões virtuais tanto entre as equipes quanto com os clientes, trouxe resultados positivos significativos.
Tivemos registros de aumento de produtividade e melhora na saúde mental das pessoas, que não tinham mais que perder tempo se locomovendo pela cidade indo e voltando da empresa e puderam passar esse tempinho extra com a família. Uma pesquisa realizada pelo DataSenado, instituto de pesquisa vinculado à Secretaria de Transparência do Senado Federal, ano passado mostra que 41% dos entrevistados sentiram progresso no rendimento profissional, e para 49% dos respondentes o home office trouxe uma melhora no bem-estar pessoal.
Levando isso em consideração, já há uma grande quantidade de empresas que, impactadas pelas transformações pós coronavírus, anunciaram que continuarão mantendo seus funcionários em teletrabalho. Mas há diversas instituições propensas a adotar um esquema híbrido, com alguns dias no escritório e outros em casa. E, para os gestores dessas empresas, surgirá um novo desafio: como continuar a engajar e motivar os colaboradores em diferentes momentos e locais?
Os ensinamentos de gestão aprendidos durante a crise devem continuar a ser aplicados para que essa nova transição seja feita de forma fácil e benéfica para todos. Um grande ponto positivo trazido pelo home office foi a flexibilidade de horários, e por quê não a estender também para o trabalho híbrido, com as empresas permitindo que os funcionários escolham os dias e momentos que preferem ir à empresa?
Outro hábito importante é continuar com a política de feedbacks, que se tornou muito mais organizada e frequente no home office. Separar momentos e horários específicos para conversar sobre as ações que estão sendo tocadas pela equipe, as dificuldades, os resultados já obtidos e o que deve ser tocado até a próxima reunião acabam tornando a rotina mais bem estruturada, e só devem ajudar na volta ao escritório.
As tecnologias podem e devem continuar facilitando todos esses processos. Por meio de ferramentas inovadoras e interativas, é possível realizar diversas atividades de integração motivadoras e educacionais tanto pessoalmente quanto pela internet. E, sobre esse ponto, vale ressaltar que as ações de engajamento da equipe não devem ficar restritas à apenas um dos modelos, pois, principalmente no início, será importante fazer com que o time fique bem entrosado não importa onde estiverem.
Essas e várias outras medidas promovem tanto o bem-estar pessoal quanto profissional e, se usadas de forma efetiva, vão ajudar todos a realizarem seus trabalhos da melhor forma possível, contribuindo para o crescimento sustentável da empresa no novo modelo híbrido.
*Samir Iásbeck é CEO e Fundador do Qranio, plataforma mobile de aprendizagem que usa a gamificação para estimular os usuários a se envolverem com conteúdos educacionais em todos os momentos
*Por Samir Iásbeck