Você contrataria uma mulher grávida?

Se há uma notícia que as empresas não gostam muito de receber é quando uma funcionária chega e diz: “estou grávida”! Para o empregador isso significa licença-maternidade, deslocamento de outro funcionário para cobrir o posto da grávida, e possivelmente uma interferência negativa na produtividade do setor. Em resumo, aumento de custos! Mas, pasme, até isso tende a mudar no que diz respeito à contratação no mercado de trabalho! Se antes, isso era praticamente impossível, hoje há empresas contratando gestantes com até nove meses de gravidez! Por quê?

É claro que nenhuma empresa vai assumir publicamente que não é muito legal contratar uma mulher grávida, pois isso não pega muito bem à imagem institucional, mas a gente sabe que essa situação impacta de várias formas o negócio. E que a maioria das corporações ainda tem uma mentalidade machista, não?! É só analisar a diferença salarial entre homens e mulheres na mesma função ou a quantidade de cargos liderados por homens e os minguados, liderados por elas.

Fechando os olhos

Agora imagina contratar uma grávida no nono mês?! Justamente num momento com tanta mão de obra disponível? Os gestores, no geral, fazem vista grossa e seguem admitindo quem não se encontra nessa condição, achando que estão economizando! O outro lado dessa moeda, é que a própria grávida, quando empregada, – geralmente – acaba se acomodando por causa dos benefícios, como licença maternidade e plano de saúde, por exemplo, e protela o desenvolvimento da carreira pra outro momento, seguindo estagnada. Ela também sabe que se pedir demissão, além de perder os benefícios, tão cedo não será contratada. Será?

Em gestação

Mas, foi numa reportagem da revista Época Negócios online, que comecei a perceber uma nova tendência que dá seus primeiros passos no mercado de trabalho. A matéria aborda a conquista de uma grávida, que fez uma entrevista de emprego e foi admitida. O caso aconteceu nos Estados Unidos, quando uma executiva desafiou padrões de mercado, se demitiu da empresa na qual atuava e, aos seis meses de gravidez, foi contratada por uma renomada agência de publicidade.

Mas, a coisa não foi tão fácil assim não! A executiva penou e chegou a ponto de achar que não seria contratada, porém, num lance de “coragem”, ela enviou um e-mail a um diretor da agência de publicidade dizendo que queria se candidatar a uma vaga. Assustada, esperou o pior. Surpreendentemente, o diretor respondeu positivamente o e-mail, mas a informou que teria de passar por entrevistas com demais diretores e etc. Após o processo seletivo, a contratação foi efetuada!

Ponta da mudança

Ah! Mas aí você pode dizer que a mentalidade de americano é outra e que esse caso é isolado. Pasme novamente, não é! A tendência atravessou a fronteira geográfica e está em fase gestacional por aqui. Continuando as pesquisas, encontrei outra reportagem disponível no Uol online que aborda o mesmo tema. Inclusive, menciona o caso de uma jornalista, que foi contratada por uma startup e teve o filho 20 dias depois de ser contratada.

O texto, cauteloso, lembra que a contratação de mulheres grávidas ainda é rara, conforme os especialistas ouvidos pelo Uol, mas é bom que pensemos que mais longe já estivemos! São grandes companhias internacionais, nacionais e startups, que se diga de passagem, já nascem com uma mentalidade mais moderna, flexível e adaptável, em sintonia ao seu propósito o qual tem a ver com inclusão, que estão se abrindo pra esse novo momento. E isso, pode sinalizar um bom caminho para as grávidas daqui pra frente!

Mas, o foco da matéria fica por conta da diferente visão empresarial de alguns gestores que justificaram as contratações, considerando que a gravidez é apenas um curto período na vida da mulher. Essa visão é uma visão de médio e longo prazo. Visto dessa forma, os tais custos se desmancham no ar. É uma questão de tempo para a profissional cobrir e gerar lucro!

O que a maioria dos empresários precisa é de gente qualificada, comprometida, responsável e dedicada. Deixar de contratar uma grávida, por conta de um momento de vida tão passageiro, achando que está economizando, é de uma tolice só!

Às mulheres que se encontram nessa condição, talvez falte uma pitada de coragem de fazer como a americana que enviou o e-mail. Que dá um frio na barriga dá, mas a gente já nasce com um não, agora se permita ouvir um sim! Acredito que o que pesou na contratação da executiva grávida foi sua iniciativa e coragem de enviar aquele e-mail ao diretor. Afinal quem não quer ter no seu time uma pessoa com esse perfil?

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