Você tem o plano B, C, D…?

Imagina a cena: você está numa praia do Caribe com a família e em plenas férias merecidas. O dia está lindo: sol iluminando a praia, a brisa do mar refrescante, as ondas tranquilas e o drinque gelado.

Sentado, admirando a imensidão do céu que encontra – lá longe – a linha imaginária que divide com o mar. Tudo parece perfeito! Todos se divertem, porém – em menos de um minuto o céu escurece, o vento sai carregando tudo e uma onda gigantesca muda pra sempre o curso da sua vida.

Calma, é só um esforço de imaginação! Mas, na vida real, as tragédias chegam sem avisar e parece que não vamos mais acordar. Você está preparado para essas adversidades?

No mesmo barco

A vida não é feita só de fotos bonitas postadas nas redes sociais, que nos faz pensar que todo mundo é feliz sempre e só a gente passa por momentos trágicos.

Aí, vamos desabituando de lidar com o lado real da vida, que – vez ou outra – apresenta algumas surpresas amargas e quando ocorrem não sabemos como agir e reagir.

Plano B

No livro “Plano B: como encarar adversidades, desenvolver resiliência e encontrar felicidade”, a empresária norte-americana e autora Sheryl Sandberg (o outro é Adam Grant) narra sua tragédia pessoal quando o marido morreu em uma academia de ginástica em um hotel.

O mais bacana no livro de Sheryl, uma mulher poderosa, rica e figura importante no cenário empresarial por ser a chefe de Operações do Facebook é sua tranquilidade em se expor e se aproximar da gente, simples mortais. Mostrando fragilidades, usando seu exemplo na intenção de minimizar as mazelas alheias, indicando caminhos menos áridos.

Quando a dor chega

Quando a tragédia se abate e se traduz numa doença séria, na separação ou perda de um cônjuge, de um filho, de um animal de estimação, no fim de uma carreira (desemprego), falência da empresa, enfim – cada um sabe o que significa uma tragédia, já que é muito individual, a dor passa a ser uma parceira constante.

Quero dizer com isso que a sensação que sentimos é como se o ar faltasse, quase um afogamento sem água, uma dor no coração que machuca o peito, a alma congela por um instante, como se não houvesse mais o chão e os pés perdessem o rumo.

O novo agora

Em momentos de tragédia, a primeira impressão é que não há nada mais que possa ser feito. Um sentimento de impotência toma conta, uma tristeza profunda se apropria da gente e já não sabemos como e nem porque continuar. A vontade inicial é definhar num canto, tentando encontrar um fim ou, pelo menos, um alívio para o sofrimento.

Resiliência é preciso

Realmente, há perdas irreparáveis, mas a gente pode aprender que são sob essas circunstâncias que a vida dá uma guinada e pode apresentar um novo ângulo e nova oportunidade de compreensão lá adiante.

Conversei com o economista e empresário Durval Neto o qual comentou sobre o assunto dizendo que – muitas vezes – “caímos na cilada de nos responsabilizarmos – em algum ponto – pelo problema ou achamos que essa situação difícil pode durar para sempre, o que não é verdade. No fundo, todos nós somos resilientes em algum nível. É possível sim, perseverar e redescobrir a alegria. Mesmo depois de tragédias terríveis como a da Sheryl”, disse Durval que também atua como articulista da rádio CBN e do Amazonsat.

O padre Fábio de Melo, em uma de suas apresentações, disse que é preciso “vivenciar o sofrimento, mas é importante que ele não se estenda no tempo e não permitir que ele seja maior que a gente”.

Aprendendo durante a jornada

Diz-se que o importante não é a chegada, mas o percurso. De anos prá cá, venho refletindo sobre isso entendendo que é preciso aprender durante a jornada independentemente do contexto.

Na minha recente tragédia pessoal venho exercitando esse aprendizado e mesmo não sendo executiva do Facebook, vou seguir o exemplo de Sheryl compartilhando.

São coisas que a gente fala da boca pra fora, mas, quando internaliza, esses momentos ficam menos azedos e a vida ganha novo sabor. Primeiro, eu não tenho o controle sobre tudo e isso significa que há situações que só posso aceitar, mas posso controlar o grau de sofrimento. As que tenho certo controle, previno.

Segundo, não adianta perder a cabeça, o jeito é respirar fundo e lançar as melhores cartas que temos, fazendo a melhor jogada e tentando resolver ou minimizar a situação. Estude o cenário e os próximos passos. Procure estar à frente, conforme o desenrolar.

Terceiro, agradeça por não ter sido pior, sempre pode ser pior e esse pensamento traz certo conforto e exercitamos a gratidão! A nossa dor também não é a maior do mundo, tem gente passando por barras piores.

Quarto, continue, dentro do possível, sua rotina e relacionamentos, o mundo não tem culpa da sua dor e também evite dividir a situação com todo o planeta,  só aumenta a sensação de tristeza e induz outros ao sofrimento. E não espere compaixão, as pessoas têm seus problemas, portanto, conte com você (e os mais próximos) e o que vier será bem-vindo.

Quinto, não fique remoendo isso ou aquilo: se tivesse feito assim ou assado, só serve pra afundar mais. Também não foque nas lembranças, só aumentam a dor. É como cachorro correndo atrás do rabo.

Sexto, não pense no que você perdeu ou está perdendo, veja como uma oportunidade de se tornar melhor, ganhar maturidade, experiência e equilíbrio emocional. Enfim, aprender algo construtivo!

Sétimo, se conscientize de que está fazendo o que pode e siga. Quando a dor quiser se instalar, procure aconchego num livro, num animal, num amigo ou parente, seja lá o que ou quem for que te faça bem. Pense e vibre coisas boas!

Viva (com) paixão

Ter empatia e compreensão pelos demais nos torna mais reais por nos lembrar dos nossos próprios dramas. O exercício da compaixão nos fortalece para as adversidades durante a trajetória.

O mais reconfortante de tudo é a certeza que nosso interior estará sempre bem, pois há uma força que cuida, zela e nos orienta a cada respiração. Que é preciso sim ter cartas (e planos) na manga, elas podem ser úteis, e que a prioridade é viver com paixão aqui neste momento, pois é a única coisa que realmente temos, pois tudo passa!

Compartilhar

Últimas Notícias