Coluna Mais Negócios – Empreendedora de Roraima transforma frutos amazônicos em negócio premiado

Roraima figura entre os estados com maior potencial de crescimento no Norte do país, ainda que seu Produto Interno Bruto (PIB) seja o menor do Brasil. Nesse contexto, o empreendedorismo feminino vem surgindo como uma força transformadora: hoje, 28,3% dos donos de negócios no estado são mulheres, o que representa cerca de 22 mil empreendedoras, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A imensa maioria dessas empreendedoras, mais de 92%, atua por conta própria, muitas sem formalização (83% não têm CNPJ), o que impede acesso a linhas de crédito, benefícios previdenciários e participação em licitações públicas.

E, apesar dos números desencorajadores, algumas empreendedoras têm se destacado não apenas pela resiliência, mas também pela capacidade de inovar, gerar renda e inspirar outras mulheres. É o caso de Valdeniza Pereira Bezerra, criadora da Daval Alimentos Amazônicos, empresa que vem conquistando espaço ao transformar produtos locais em soluções alimentares práticas e saudáveis.
Com uma produção artesanal baseada em frutos regionais como tucumã, pupunha, coxá e buriti, a marca conquistou o paladar dos consumidores e um faturamento anual de R$ 70 mil, com destaque para seus molhos de pimenta e geleias tropicais.

A Daval Alimentos foi impulsionada com apoio da Agência Municipal de Empreendedorismo e Fomento de Boa Vista (AME BV), e ganhou projeção nacional ao conquistar o 2º lugar no ‘Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2024’, na categoria Microempreendedora Individual (MEI). “Foi uma das maiores emoções da minha vida. Esse prêmio não é só meu, é de todas as mulheres que decidiram levantar todos os dias e lutar por um sonho”, destaca.

Atualmente, o portfólio da Daval conta com cerca de 15 produtos autorais, entre molhos apimentados com tucumã e buriti, geleias com cupuaçu e pimenta, doces regionais e conservas exclusivas, todos desenvolvidos com base em receitas da sua família, que prioriza ingredientes da biodiversidade amazônica. Os produtos são comercializados em feiras, pontos parceiros e por encomenda direta, com previsão de lançamento de uma loja virtual ainda em 2025.

Além da expansão comercial, a marca também caminha rumo à certificação sanitária e de procedência, com o objetivo de entrar futuramente no mercado internacional. “Cada produto carrega história, identidade e um propósito de valorização da Amazônia”, comenta.

De uma cozinha de 4 metros quadrados em Boa Vista, Roraima, para o reconhecimento nacional, a trajetória de Valdeniza é um exemplo de como o empreendedorismo pode ser motor de transformação econômica e social.

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