Pesquisa revela potência da bioindústria nos territórios da Amazônia

Uma pesquisa pioneira, voltada à estruturação de modelos de bioindústria na Amazônia Legal para fomentar a bioeconomia regional, foi apresentada hoje (16) durante a Semana do Clima da Amazônia, realizada em Belém (PA).

O estudo, fruto de uma cooperação técnica firmada em 2024 entre o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), foi tema do painel “Bioindústria na Amazônia: do potencial à realidade”.

Em execução, o projeto busca consolidar um conceito ainda em desenvolvimento e fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas que promovam uma industrialização sustentável e alinhada às realidades do território amazônico.

A pesquisa envolve um levantamento de campo, com uso de dados secundários, aplicação de questionários e monitoramento ativo de empreendimentos e novos negócios da bioeconomia, além do acompanhamento de eventos estratégicos voltados à agenda de desenvolvimento sustentável na região.

“O desenvolvimento sustentável da região tem sido uma agenda prioritária, tanto para a ABDI, quanto para o IPAM. A gente não está falando de qualquer tipo de industrialização, mas sim de uma bioindústria compatível com a floresta, que promova geração de renda e emprego com respeito ao território, à sociobiodiversidade e aos modos de vida locais”, explicou Rafaela Reis, pesquisadora de Políticas Públicas do IPAM, durante o evento.

Um dos desafios identificados durante a pesquisa é a predominância de cadeias produtivas curtas, baseadas na exportação de produtos in natura, com pouco valor agregado. O objetivo é justamente identificar oportunidades e gargalos para transformar essas cadeias em caminhos de desenvolvimento sustentável, com permanência da riqueza nos territórios locais e da Amazônia.

“Quando falamos em estruturar uma bioindústria na Amazônia, falamos de construir um modelo que valorize o conhecimento tradicional, a inovação local e que esteja alinhado às políticas públicas nacionais e aos arranjos territoriais”, completa Reis.

Segundo a pesquisadora, a ideia não é copiar modelos prontos, mas criar algo regional, com a cara da Amazônia. “Nossa pesquisa também considera aspectos como infraestrutura, acesso a mercados, uso de tecnologias e a presença de negócios de pequeno e médio porte com potencial de crescimento sustentável”.

Atualmente, a equipe do projeto já identificou mais de 11 mil empreendimentos ativos na Amazônia Legal, distribuídos em todos os estados da região. Esses dados estão sendo organizados em uma plataforma digital que permitirá análises cruzadas sobre produção, uso de conhecimento tradicional, estágio de maturidade dos negócios e suas relações com políticas públicas. Além do mapeamento e da análise de dados, o projeto prevê a identificação de territórios com alto potencial para o desenvolvimento de bioindústrias, considerando fatores como disponibilidade de matéria-prima, organização social, capacidade técnica instalada e existência de iniciativas locais já em curso. A ideia é criar estratégias direcionadas que possibilitem a escalabilidade de negócios sustentáveis, articulando inovação, conservação ambiental e geração de renda nos próprios territórios.

O projeto contribui para ampliar o entendimento sobre as condições pré-competitivas necessárias para que a bioindústria amazônica se desenvolva, como infraestrutura logística, acesso a crédito, qualificação profissional e segurança.

“A bioeconomia na Amazônia já existe. O que falta é criar o ambiente adequado para que ela se fortaleça e escale. Estamos falando de políticas que garantam acesso, visibilidade, estrutura e oportunidades para os empreendimentos que nascem e resistem nos territórios”, finalizou Reis.

Esta atividade é um Evento Autogestionado da I Semana do Clima da Amazônia e integra a programação oficial do evento. Saiba mais em: semanadoclimaamazonia.com.br

Analista de comunicação do IPAM*

Fonte: IPAM.

Foto: Freepik/@wirestock

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