CNI alerta: 74% dos industriais consideram que infraestrutura precária freia crescimento do Norte

A infraestrutura da Região Norte continua sendo um dos principais obstáculos ao desenvolvimento econômico e social da Amazônia.

Segundo o estudo Panorama da Infraestrutura – Região Norte, divulgado nesta quarta-feira (15/10) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 74% dos empresários industriais avaliam as condições da região como regulares, ruins ou péssimas — quase o dobro da média nacional, de 45%.

O levantamento, que faz parte de uma série de cinco estudos sobre as regiões do país, analisa a situação de transportes, energia, saneamento e telecomunicações, além de listar as obras mais urgentes para destravar a logística e atrair novos investimentos.

Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, o potencial da Região Norte é imenso, mas as deficiências em infraestrutura impedem o avanço da economia local.

“A falta de estradas adequadas, a baixa integração energética e as limitações em serviços básicos elevam os custos logísticos e desestimulam os investimentos. Fortalecer a infraestrutura, respeitando o meio ambiente, é essencial para o crescimento sustentável e para o futuro da indústria na Amazônia”, afirmou.

Rodovias precárias, obras paradas e outros gargalos

O estudo aponta que a malha rodoviária da região é a pior avaliada do país, com 90% dos empresários classificando-a como ruim ou péssima.

As ferrovias são praticamente inexistentes em grandes áreas, e as hidrovias, apesar do enorme potencial, sofrem com falta de dragagem, sinalização e integração com outros modais.

O cenário é agravado por um alto número de obras paradas: de quase 3.800 contratos de infraestrutura analisados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), 58% estão paralisados, principalmente nas áreas de transporte e saneamento.

No saneamento básico, a situação é ainda mais preocupante. Apenas 23% da população do Norte é atendida por rede de esgoto — o menor índice do país —, e 61% têm acesso à água tratada, segundo dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento.

Esses indicadores, segundo a CNI, afetam diretamente a qualidade de vida da população e reduzem a competitividade regional, já que empresas enfrentam altos custos de transporte e energia, além de dificuldades logísticas para escoar a produção.

Obras prioritárias e papel estratégico da região

O estudo da CNI destaca um conjunto de obras estratégicas para impulsionar o desenvolvimento regional. Entre as prioridades estão:

  • a pavimentação do trecho central da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho;
  • a ampliação da navegabilidade da Hidrovia Araguaia-Tocantins, com o derrocamento do Pedral do Lourenço;
  • a implantação da Ferrogrão (EF-170);
  • a conclusão da ponte sobre o Rio Xingu, na Transamazônica;
  • e a exploração responsável de petróleo e gás na Margem Equatorial, nas bacias da Foz do Amazonas e do Pará-Maranhão.

Um avanço recente citado no relatório foi a conexão de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que finalmente integrou o estado à rede elétrica nacional após anos de isolamento energético.

Para a CNI, empreendimentos como esse são exemplos de como a integração pode reduzir custos, gerar empregos e aumentar a segurança energética do país.

Um retrato da desigualdade regional

A CNI conclui que, apesar da importância estratégica da Região Norte para o equilíbrio ambiental e energético do Brasil, o déficit de infraestrutura mantém a região em desvantagem em relação ao restante do país.

Enquanto o Sul e o Sudeste avançam em obras de mobilidade e saneamento, o Norte ainda enfrenta problemas básicos, como estradas sem pavimento, cidades sem esgoto e energia cara e instável.

O estudo reforça que planejamento, investimento contínuo e gestão eficiente são os caminhos para reverter esse cenário e permitir que o Norte exerça todo o seu potencial como motor de crescimento econômico e preservação ambiental do Brasil.

Foto: Divulgação

Fonte: Real Time 1.

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