Na produção executiva dos longas-metragens, elas são maioria
A discussão ganhou força com o #MeToo, movimento em que atrizes denunciaram casos de assédio sexual em Hollywood. O debate foi se abrindo e começaram a surgir questionamentos sobre a falta de diversidade na indústria de cinema. Muitas foram as críticas à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, este ano, pela falta de mulheres entre os indicados ao Oscar de direção.
Em Hollywood, o gênero feminino representa apenas 18% dos diretores, roteiristas, produtores, produtores executivos e editores dos 250 filmes americanos de maior bilheteria, segundo um relatório do Center for the Study of Women in Television & Film. Entre os diretores, elas não passam de 4% do total.
E no Brasil, como é a distribuição de gênero entre os cargos de direção no cinema? Vale lembrar que o único filme brasileiro presente no Oscar 2020 foi o documentário Democracia em Vertigem, dirigido por Petra Costa.
Segundo um levantamento da Agência Nacional do Cinema (Ancine), as mulheres foram responsáveis pela direção de 22% dos títulos, considerando apenas os filmes lançados comercialmente em salas de exibição em 2018. Isso representa um avanço: em 2014, elas dirigiam apenas 10%. As mulheres, entretanto, não estão na direção dos filmes de maior bilheteria. As obras dirigidas por mulheres concentraram 12% do público em 2018.
Mulheres foram responsáveis pelo roteiro de 22% dos títulos lançados em 2018 – o dobro do reportado em 2017. Em 2014, primeiro ano em que há dados sobre gênero no cinema brasileiro, as mulheres foram roteiristas de 14% das obras.
Na produção executiva, a participação feminina é maior: 43% dos filmes tiveram apenas mulheres nessa posição. Outros 30% tiveram uma produção executiva mista.
Considerando todos os longas, média e curtas-metragens lançados comercialmente ou não e também as obras produzidas para televisão, os números são parecidos. Nesse recorte, as mulheres dirigiram 20% dos filmes lançados em 2018. Outros 8% tiveram um time de direção mista, e 72% foram dirigidos apenas por homens.
Elas foram responsáveis também 25% dos roteiros de filmes lançados naquele ano, e fizeram a produção executiva de 41% dos títulos. A maior participação feminina no setor é na direção de arte: elas ocupam 57% dos cargos.
Quando o recorte é por tipo de obra, os números mudam um pouco. Os curtas e médias-metragens apresentam os melhores percentuais de participação feminina. Nesse segmento, as mulheres foram responsáveis pela direção de 33% dos filmes, por 30% dos roteiros e ocuparam o cargo de produção executiva em 48% dos títulos.
Fonte: Época Negócios