(Foto: Pexels)

O smartphone que donos podem consertar por conta própria

“Esta é a câmera do meu celular“, mostra Bas van Abel. Ele segura no alto um pequeno componente eletrônico quadrado que acabou de retirar do seu smartphone com uma chave de fenda minúscula.

“Ao todo, são oito componentes que podem ser retirados e substituídos”, explica ele, enquanto desmonta cuidadosamente todo o seu smartphone, colocando a câmera ao lado da bateria, da porta USB, da tela e do alto-falante do aparelho.

Van Abel é um dos fundadores da empresa social Fairphone, que afirma ter criado “o smartphone mais sustentável do mundo”.

Mas até que ponto pode ser sustentável um produto tão complexo como, que utiliza componentes e metais raros de todas as partes do mundo?

Fundada em Amsterdã, na Holanda, em 2013, a Fairphone fabrica smartphones Android que podem ser facilmente substituídos, customizados e reparados pelos próprios proprietários. Ao permitir e incentivar as pessoas a consertar seus telefones celulares, em vez de se desfazer deles quando quebra algum componente, a Fairphone espera ajudar a reduzir o descarte de resíduos eletrônicos.

Números astronômicos

O lixo eletrônico é a fonte de resíduos que mais cresce no mundo. Estima-se que 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico sejam produzidas anualmente em todo o mundo – mais do que todos os aviões comerciais já fabricados até hoje, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). E apenas 20% desses resíduos são reciclados.

A montanha global de lixo eletrônico cresce proporcionalmente ao aumento da demanda por aparelhos portáteis e telefones celulares. A produção anual de lixo eletrônico deve mais do que dobrar até 2050, atingindo 120 milhões de toneladas, segundo o Fórum Econômico Mundial.

📱Somente em 2022, 5,3 bilhões de telefones celulares foram descartados, segundo estimativas da ONG belga The WEEE Forum, que analisa o lixo eletrônico. Nos Estados Unidos, as pessoas trocam de telefone celular, em média, a cada 18 meses, à medida que são lançados novos modelos com funções mais avançadas.

A maioria dos aparelhos agora são vendidos na forma de unidades lacradas, cujo reparo é extremamente difícil e caro. Alguns chegam até a gerar mensagens de erro quando componentes danificados são consertados.

A Fairphone quer interromper essa tendência, vendendo telefones com vida útil mais longa.

“Nós fabricamos telefones que podem ser consertados para que você possa utilizá-los por muito mais tempo”, afirmou van Abel à BBC, durante o Festival de Design para o Planeta, promovido pela organização britânica Design Council em Norwich, no Reino Unido.

“O cálculo é muito simples: se você usar o telefone pelo dobro do tempo, você produz a metade do número de aparelhos e a metade da quantidade de resíduos”, explica ele.

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