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Queimadas em Roraima causaram a maior degradação florestal dos últimos 15 anos na Amazônia

A área de floresta degradada na Amazônia foi a maior em pelo menos 15 anos no primeiro quadrimestre de 2024, conforme o monitoramento por imagens de satélite do instituto de pesquisa Imazon divulgado nesta terça-feira (21). Do total de 2.846 km² degradados entre janeiro e abril, 99% foram detectados em Roraima devido às queimadas.

➡️ Segundo o monitoramento, apenas em abril, foram identificados 693 km² de degradação em Roraima, o que equivale ao tamanho da cidade de Salvador. Já em março, o dano foi de 2.120 km² de degradação florestal, área maior do que a cidade de São Paulo.

Ou seja, em somente dois meses o estado teve quase 3 mil km² de floresta degradados, o que representa quase 5 mil campos de futebol por dia com o dano ambiental. A devastação é a maior desde 2009, quando o Imazon passou a mapear a degradação além do desmatamento.

🪵 A degradação florestal é diferente do desmatamento. Isto porque a degradação florestal é causada pelo fogo ou pela extração seletiva madeireira, já o desmatamento é quando ocorre a remoção total da vegetação, segundo o Imazon.

🔥 Em fevereiro e março deste ano, o estado bateu recorde nos focos de calor, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). À época, Roraima concentrou 30% de todos os focos de incêndio registrados no Brasil.

O fogo chegou a consumir casas, animais e a vegetação, mas com o início do período chuvoso, o número de focos caiu (leia mais abaixo).

“Por isso, é muito importante que enquanto os governos federal e dos estados sigam intensificando o combate à derrubada da floresta, sejam realizadas ações específicas de enfrentamento às queimadas, focando principalmente em Roraima
— sugere Larissa Amorim, pesquisadora do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon.

Além do estado ter concentrado a maioria das áreas degradadas pelo fogo nos últimos meses, também vem sofrendo com uma seca histórica. A seca severa, que atingiu Roraima no primeiro trimestre e aumentou as possibilidades de incêndio, reduziu a vazão dos principais rios e levou 14 dos 15 municípios a decretarem emergência.

“O risco de queimadas aumenta com o estresse hídrico, que tem sido um grande problema em Roraima. Segundo os nossos monitoramentos da superfície de água no bioma Amazônia, que apresenta dados desde 1985, o estado foi o mais afetado pela redução hídrica, onde as várzeas estão ficando mais secas a cada verão”, explica Carlos Souza Jr, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon e responsável técnico pela iniciativa MapBiomas Água.

Início do período chuvoso em Roraima

 

O período chuvoso começou oficialmente em Roraima no mês de abril após o estado bater o recorde da série histórica de focos de calor nos meses de fevereiro e março de 2024. A chuva reduziu o número de focos e no mês de maio o estado ocupa a 15ª posição no ranking do país, com apenas 12 registros.

Com os incêndios, a qualidade do ar em Boa Vista chegou a ser considerada péssima e a capital ficou encoberta por fumaça por vários dias. No fim de março, o nível de poluição do ar chegou a superar São Paulo e capital do Vietnã.

Além da diminuição dos focos de calor, o início do período chuvoso causou o aumento do nível do Rio Branco, o principal de Roraima. Devido aos efeitos da seca no estado, intensificada pelo fenômeno El Niño, o curso d’água chegou a registrar 39 centímetros negativos, a segunda maior seca da história.

Agora, o rio voltou a atingir níveis positivos de acordo com a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer), nessa segunda-feira (20) chegou a 5,01 centímetros. No Rio Branco, durante o período seco, as dunas de areia tomaram conta da paisagem e a água corrente deu lugar à praia extensa.
Fonte: G1.

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