O setor de biolubrificantes deve atingir US$ 3,9 bilhões em negócios e operações até 2027, além de crescer por volta de 8% em no máximo dois anos, considerando a escala internacional, de acordo com informações da Global Biolubricants Market Analysis. Segundo a Iconic, gestora das marcas Ipiranga Lubrificantes e Texaco Lubrificantes no Brasil, 70% desse segmento estão nas mãos dos Estados Unidos e da Europa, mas embora os mercados norte-americano, canadense, alemão e inglês sejam os maiores do mundo até o momento, espera-se um crescimento anual de 9,5% na Ásia, nos próximos anos.
Conforme especialistas, os biolubrificantes ou lubrificantes biodegradáveis têm a capacidade atestada, cientificamente, em torno de sua decomposição, em um intervalo de até um ano, por meio de processos biológicos naturais em terra carbonácea, água ou dióxido de carbono (CO2).
Mesmo sem contar com uma regulamentação específica para biolubrificantes no país, esse mercado nacional é avaliado em US$ 206 milhões, sendo que 98% deles já são usados pelo setor industrial. “Esperamos que o mercado cresça até 6% no Brasil, até 2024”, estimou o presidente da Iconic, Alexandre Bassaneze.
Em sua opinião, ainda há muitos desafios para o desenvolvimento sustentável dos lubrificantes biodegradáveis no país: “Temos custos elevados de produção para toda cadeia e tecnologias ainda precisam ser implementadas em escala, para termos maior competitividade e economia circular do produto”.
Para que esse crescimento ocorra, ele defende a adoção de iniciativas governamentais baseadas em políticas de incentivos, considerando que os lubrificantes minerais trazem vantagens de custo significativo sobre os lubrificantes biodegradáveis. “O crescimento do mercado de biolubrificantes proporcionará uma redução da pegada de carbono no setor e fomentará uma construção conjunta de governos, setor privado e sociedade, para utilização de uma matriz mais limpa e renovável na geração de energia em escala global”, comentou Bassaneze.
De acordo com o executivo, pesquisas já indicam que a utilização desses novos produtos pode apoiar o setor de petróleo e gás na mitigação de 50% da emissão de gases de efeito estufa (GEEs), além de reduzir o consumo de energia em dois terços, em comparação aos lubrificantes derivados do petróleo.
Outro fator, que deve incrementar o mercado de lubrificantes náuticos no Brasil, está relacionado ao programa BR do Mar, que visa ao estímulo da navegação de cabotagem. Na avaliação do CEO da Lubvap Special Lubrificants, Luiz Maldonado, com uma concorrência maior, as empresas tendem a ser mais competitivas, até para que possam manter os contratos já fechados e conquistar outros novos. Para isso, ele acredita que será crucial manter as embarcações eficientes, evitando paradas para consertos e outros problemas ligados à falta de manutenção.
“A revisão e o monitoramento das embarcações garantem que as superfícies sejam protegidas da corrosão, que os atritos sejam evitados para diminuir o desgaste e que as altas temperaturas dos maquinários sejam controladas a bordo”, elencou Maldonado destacando que, para manter a operação eficiente, é essencial fazer a manutenção correta dos navios, lubrificando suas peças com produtos de qualidade e exclusivas para o local de operação, como lubrificantes náuticos resistentes à água.
Isso porque, conforme sua visão de negócios, além do ambiente de exposição, a cabotagem será uma atividade extra para quem possui embarcações, o que vai exigir mais atenção e cuidado com as manutenções dos navios. “A lubrificação correta com produtos de alta performance é capaz de garantir o bom funcionamento dos maquinários, aumentando a vida útil das peças, dispensando sua troca e a parada da atividade. Além disso, reduz o custo de manutenção e permite o aumento dos lucros, já que as embarcações poderão realizar mais viagens”, ressaltou o executivo.
Maldonado também reforçou a importância dos lubrificantes biodegradáveis, que já são bastante usados na indústria offshore, oferecendo alto desempenho e dispensando a lubrificação constante. Isso pode garantir o ganho material, considerando seu papel na preservação dos oceanos e da saúde das pessoas que manipulam esses produtos, uma vez que os biolubrificantes não apresentam componentes tóxicos aos seres vivos.
“Os lubrificantes biodegradáveis são produzidos livres de metais pesados e podem, em casos de vazamentos e acidentes, entrar em contato com o mar, pois asseguram que grande parte do produto será absorvida pela natureza, em 28 dias. Além disso, não apresentam risco para quem o manuseia e garantem uma melhor performance se comparados aos lubrificantes comuns”, garantiu o CEO da Lubvap, empresa que atua no mercado de lubrificantes biodegradáveis para diversos setores, como offshore, agronegócio e entre outros.
*Com informações do site Portos e Navios