Famosa em vários períodos da história e dona de uma seiva riquíssima, a árvore da seringueira é um dos símbolos da Amazônia. Apesar da popularidade, muitos ribeirinhos não sabem realizar o manuseio desta matéria-prima que pode gerar renda para as comunidades.
Da seiva são produzidos pneus, luvas, preservativos, em geral, produtos derivados da borracha. Pensando nisso, a startup Amazon Pororoca capacitou ribeirinhos do município de Epitaciolândia, no Acre, para a produção de calçados. O valor das vendas retorna para esses trabalhadores.
A indígena Vanda Pororoca, da etnia Galibi Marworno e moradora da Comunidade Ubussutuba, na Ilha da Caviana, no Pará, é responsável pela empresa. Ela afirma que este trabalho é uma “liberdade” para essas comunidades que vivem em lugares classificados por ela como “Amazônia isolada”.
“Sabemos que nos lugares remotos da Amazônia Isolada, até hoje nós vivemos num momento em que as pessoas ainda não têm acesso à educação, médicos, não tem nada. A iniciativa de negócio nem chega perto delas. Então, quando eu chego numa comunidade assim, tem comunidades que eu vou que nunca viram água potável” afirma.
No Amapá, a Amazon Pororoca apresenta os produtos em exposições e feiras de negócios do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
“Eu começo a colocar na cabeça deles que eles podem ter liberdade, que eles podem ganhar o dinheiro deles e que dá para fazer essa rotatividade do produto na cidade. No primeiro momento, eu trago, mas só que o foco é que elas venham, que eles mesmos possam sair de lá. […] Esse sapato que eu trouxe, que foi lá para o Sebrae, foi um boom. As pessoas bateram foto, empresas de São Paulo também ficaram muito interessadas, então eu gravei, e mostrei para eles, e eles ficaram: nossa, gostaram das nossas coisas, com aquele olhinho brilhando. Isso é meu pagamento!”, disse Vanda.
Sobre a produção
O trabalho é desenvolvido por nove mulheres e três homens. A produção é realizada num local característico da Amazônia: em uma casa de madeira que é iluminada durante o dia com a luz do sol.
A ideia da Amazon é que esses moradores possam desenvolver produtos de maneira simples, usando os recursos disponíveis na região. O incentivo à bioeconomia é feito em diversas regiões da Amazônia pela startup (veja vídeo da produção mais abaixo).
“Cada comunidade que eu vou tem espinha de peixe. Tudo que eu vejo que dá dinheiro eu pego exemplos e mostro para eles. E tem umas pessoas que já tem o talento natural, que nunca estudou, por exemplo, esse senhor que faz o sapato, ele é analfabeto”, comentou Vanda.
Amazon Pororoca
A Amazon Pororoca desenvolveu um filtro de purificação de água com carvão de caroço de açaí ativado, com o objetivo de tratar a água para as comunidades ribeirinhas e trazer qualidade de vida para essa população. Com esse trabalho a empresa foi uma das finalistas do desafio Expo Favela 2024.
Fonte: G1.