O Tocantins ampliou, em 2025, os investimentos na educação pública, com foco em valorização de servidores, obras escolares e uso de tecnologia. Os aportes ocorreram em um cenário nacional de pressão por melhores resultados educacionais, após a divulgação dos dados mais recentes do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que indicam recuperação lenta da aprendizagem no país após a pandemia.
Segundo dados consolidados da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), os professores da rede estadual receberam reajuste salarial real de 11% em 2025. O percentual supera a inflação acumulada do período, que ficou em torno de 4,6%, segundo o IPCA, e posiciona o Tocantins acima da média de reajustes concedidos por estados do Norte e Nordeste no mesmo intervalo. Ainda assim, o salário médio do professor tocantinense segue abaixo do praticado em estados como Paraná, Espírito Santo e São Paulo, conforme dados do Inep e do Observatório do Piso do Magistério.
Além do reajuste, o governo ampliou o pagamento da gratificação vinculada ao Programa de Fortalecimento da Educação (Profe). A partir de 2026, o valor mensal passa a ser de R$ 1 mil para docentes de escolas regulares e R$ 1,2 mil para professores que atuam em unidades indígenas, quilombolas, do campo, de tempo integral e no sistema prisional. O impacto financeiro estimado é de cerca de R$ 7 milhões por mês, alcançando aproximadamente 6,8 mil profissionais.
Outro ponto de destaque foi a implantação do novo Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR), que atualizou salários e reorganizou a progressão funcional. Com a mudança, o vencimento final de professores de nível I passou para R$ 13,8 mil, enquanto docentes no nível IV podem atingir R$ 17,8 mil. O plano beneficia mais de 14,7 mil servidores ativos e aposentados. Especialistas em gestão pública, no entanto, apontam que o impacto fiscal do PCCR exigirá monitoramento contínuo para evitar desequilíbrios orçamentários nos próximos exercícios.
No campo do provimento de pessoal, o Estado avançou na convocação de aprovados no concurso público da Educação realizado em 2023, o primeiro após 14 anos sem certame na área. Até o fim de 2025, foram convocados 4.394 profissionais, incluindo professores, coordenadores pedagógicos e orientadores educacionais. Apesar do avanço, diretores escolares relatam que a rotatividade de contratos temporários ainda persiste em algumas regiões, sobretudo no interior.
Em infraestrutura, o governo informa mais de 100 obras em execução, com investimento total de R$ 111,8 milhões. As intervenções incluem construção, reforma e ampliação de escolas, além da implantação de centros profissionalizantes em Palmas, Araguaína e Guaraí. Ainda assim, dados do Censo Escolar 2024 mostram que parte das unidades da rede estadual segue com limitações estruturais, especialmente em laboratórios, bibliotecas e acessibilidade.
Na área tecnológica, o Tocantins ampliou a distribuição de equipamentos digitais. Desde 2023, foram entregues 28 mil chromebooks a escolas e 14 mil notebooks a professores, além da implantação de licenças do Google Workspace for Education. Em 2025, o programa Robótica em Ação alcançou mais de 40 mil estudantes. Avaliações do próprio Inep indicam, porém, que a presença de tecnologia ainda não se traduz de forma homogênea em melhoria de desempenho, especialmente onde há déficit de formação continuada.
No âmbito da alfabetização, o programa Alfabetiza Mais Tocantins passou a atender cerca de 78 mil estudantes dos 139 municípios. Os dados mais recentes da Avaliação de Fluência Leitora indicam avanço no percentual de estudantes leitores iniciantes e fluentes, que subiu de 38% para 62% entre 2023 e 2024. Apesar do crescimento, o índice ainda permanece abaixo de estados como Ceará e Espírito Santo, referências nacionais na área.
No Ideb 2023, o Tocantins obteve média geral de 4,9, liderando a Região Norte. Nos anos iniciais do ensino fundamental, a nota foi de 6,1; nos anos finais, 6,2; e no ensino médio, 4,2. Em comparação nacional, o estado ocupa posições intermediárias, com maior fragilidade concentrada no ensino médio, etapa que segue como principal desafio educacional no país.
Já no Saeb 2025, o Tocantins registrou participação de 95% dos estudantes do ensino médio, índice acima da média nacional. Especialistas destacam que a ampla participação é positiva para o diagnóstico das redes, mas alertam que os resultados efetivos de aprendizagem dependerão da consolidação das políticas de recomposição e acompanhamento pedagógico.
As políticas de equidade também foram ampliadas, com investimentos em educação antirracista, inclusão de estudantes com deficiência e fortalecimento da educação indígena. Em 2025, cerca de 6,3 mil estudantes indígenas foram atendidos em escolas bilíngues, com produção de materiais didáticos em línguas maternas. O desafio, segundo pesquisadores da área, é garantir continuidade e avaliação sistemática dessas ações.
Ao final de 2025, os dados indicam que o Tocantins avançou em investimento e estruturação da política educacional. O impacto sobre a aprendizagem, no entanto, ainda depende da consolidação das medidas, da redução das desigualdades regionais e da capacidade de transformar recursos em resultados consistentes dentro da sala de aula.
Fonte: Diário Tocantinense.
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