Os mitos do empreendedorismo

O empreendedor e investidor Yuri Gitahy traz más notícias para quem ouviu dizer que o mercado de startups está aquecido e pensou em abrir uma para ficar rico. “Quando se funda uma empresa, as chances maiores são de você ficar mais pobre”, afirma ele, lembrando que no Brasil, a cada 100 empresas abertas, 97 dão errado. Quer investir? Essa também não é das escolhas mais seguras. “É mais fácil ganhar dinheiro com DI do que com uma startup”, brinca o fundador da Aceleradora. Durante o Festival de Inovação e Cultura Empreendedora  (FICE 2018), nesta quarta-feira (05/12), ele compartilhou sua experiência trabalhando com investidores e empreendedores.

Gitahy diz que conversa muito com empreendedores iniciantes, e essas pessoas costumam acreditar em alguns mitos: primeiro, acham que entrar na onda das startups vai torná-las ricas. “Há estímulos muito fortes para o empreendedorismo hoje. As pessoas acham que basta ter uma boa ideia que vai dar tudo muito certo, que vão conseguir investimento e vai ser tudo muito legal”, diz.

O segundo mito, conta Gitahy, é acreditar que com uma ideia na cabeça é possível encontrar investidores que paguem pelo tempo do empreendedor para criar o produto. “Não funciona assim. O investidor não vai apostar só em você e na sua ideia”, afirma. É preciso começar a trabalhar na ideia antes de buscar investimento.

O terceiro mito é achar que basta ter uma boa ideia e vontade de fazer funcionar. “Às vezes, você simplesmente não é a pessoa certa para aquela ideia naquele momento. E outra pessoa com a mesma ideia e um perfil diferente vai fazer aquilo e ter sucesso, e você não”.

Outro grande mito é o do fracasso. “O fracasso é uma consequência provável”, afirma Gitahy. A narrativa do empreendedorismo glorifica os fracassos, ressaltando o aprendizado que vem com os erros. “Mas fracassar é ruim, e muitos dos que fracassam não vão mais querer se envolver com startups”. Há, sim, os empreendedores que persistem, mas não é para qualquer um.

“Há aqueles que vão querer fazer uma empresa crescer”, afirma Yuri Gitahy. Para esse tipo de empreendedor, diz, o fracasso é uma coisa fácil de lidar. “São pessoas que querem se testar e ver até onde conseguem crescer. Elas querem aprender conscientemente com o fracasso”.

E o investidor, o que precisa saber?
Para os aspirantes a investidor-anjo, Yuri diz ser necessária uma profissionalização.  “Às vezes, o anjo não sabe muito bem o que está fazendo. E a pessoa com dinheiro para investir não necessariamente será um bom investidor”. Para colocar dinheiro em uma startup, diz ele, a mentalidade não pode ser a de apenas capturar o valor da empresa e colocá-lo no bolso no futuro. “O investidor precisa saber que há muito risco envolvido e é preciso se esforçar para fazer aquilo funcionar. Ele está lá para fazer a empresa crescer. E, se a empresa crescer, seu capital crescerá também”.

Segundo Gitahy, um investidor precisa entender do mercado em que atua a empresa. Além disso, para que o investimento seja bem-sucedido, é necessário que o empreendedor saiba o que está fazendo, que o mercado seja grande o suficiente e que a empresa cresça a ponto de ser comprada ou abrir capital.

O que fazer para estimular o ecossistema empreendedor?
Gitahy diz evitar participar de muitos eventos. Isso porque prefere investir o tempo dele em colocar a mão na massa e ajudar as startups no que ele pode. “Quer ajudar a desenvolver o ecossistema de startups? Então faça sua startup virar. Não adianta ir a eventos, fazer mentoria. Invista todo o seu tempo nisso, e em quatro ou cinco anos você vai ter uma startup de sucesso e um time de 100 pessoas onde 10 vão saber muito bem como uma startup funciona e abrir suas próprias. Assim, você alimenta o ecossistema com casos de sucesso”.

Fonte: Época Negócios

Compartilhar

Últimas Notícias